domingo, 2 de dezembro de 2012

"Yes, I still believe!" - Eddie Vedder, no Broward Center, 01/12/2012



“Do you still believe in Rock’n’Roll?”… essa é uma frase que Paul Stanley (Kiss) sempre repete durante o álbum ao vivo “ALIVE I” (1975) e que, durante essa semana eu me perguntei por várias vezes, depois de desistir de assistir aos Rolling Stones em Nova Iorque... Faz tempo que busco, nos shows que assisto, muita produção e espetáculos grandiosos – esquecendo que, quando ouvia o “Alive I”, eu precisava de um “walkman”, muito volume e fechar os olhos... e era assim para o “Still Live” ou “Love you Live” dos Stones, “Live Killers” do Queen, o “Paris” do Supertramp e tantos outros “ao vivo” que curti. E a verdade é que sempre curti, muito mais, os shows do que o estúdio. Mas, com a constante “pasteurização” dos shows, performance mecanicamente calculadas, grandes contratos comerciais, e toda uma indústria virando para ganhar dinheiro em apresentações (pois de vendas de cd’s não conseguem mais sobreviver), será que “I Still believe in Rock’n”roll??”... Será?
A resposta veio ontem, Sábado, 01 de Dezembro de 2012, assistindo duas pessoas: o primeiro, um irlandês que estava abrindo a noite, chamado Glen Hansard, vocalista da banda The Frames, e compositor premiado com Grammys e um Oscar por uma canção original. A segunda: Eddie Vedder, vocalista da banda Pear Jam, compositor respeitado e um das vozes mais marcantes que já apareceram no mundo pop.
Destaco dois pontos importantes: não sou seguidor do Pearl Jam – não me fixei à nada que saiu da cena grunge de Seattle; e não sou grande fã de shows sem uma banda (estilo “banquinho e violão”). Mas esse foi um dos melhores shows da minha vida...impressionante e poderoso.
O show, que tinha sido originalmente marcado para Maio e foi remarcado por conta de um problema que Eddie teve no braço direito, aconteceu no teatro do Broward Center – um lugar fantástico, confortável e que garante o clima intimista que a noite pedia. O público, de tudo quanto é idade, era francamente apaixonado, garantindo uma platéia empolgada e atenta.
A noite começou com a apresentação, brilhante, de Glen Hansard, que com um set de oito músicas, voz e violão, arrebatou o público – que na segunda música já aplaudia de pé. É um excelente artista e me surpreendeu demais – melodias deliciosas, um violão marcante e uma voz poderosa.
Depois de um intervalo de meia hora, entra Eddie Vedder, que, dirigindo-se diretamente para a platéia, anunciou “In the immortal words of Marvin Gaye: Let’s get it on” e abre o show com “Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town” (do álbum “Vs” do Pearl Jam). O palco era simples, mas tinha um pano de fundo que mudou algumas vezes durante o show, além de pequenos objetos cênicos (como um “fogo-de-chão”  simpático). O show prosseguiu com lindas performances, sempre trocando o violão por um ukulele, uma guitarra, outro violão... e sempre conversando muito com o público – que de coração aberto cantava tudo o que se apresentava. Por algumas músicas, Glen Hansard voltou ao palco e garantiu momentos impressionantes: foi difícil conter a emoção quando cantaram “Falling Slowly”. Outras músicas emocionaram: “Just Breath”, “The End”, “The Ship Song” (do Nick Cave”, foram incríveis – magia seria a melhor definição.
Eddie é uma figura estranha? Claro que é! Mas com uma ternura e simpatia que poucas vezes vi em um “rock star” – tipo “pé-no-chão” e olhando no olho de todos. A sua versatilidade vocal ficou destacada no repertório (que está postado ao final) – uma mistura de momentos doces com mais agressivos, voz mais aguda e gritada com cantos guturais ou calmos – andou por todas as modulações. Isso garantiu um ritmo fantástico, fazendo que as quase 3 horas de show (foram 32 músicas e muita conversa) passassem rapidamente, sem um momento sequer que alguém tenha bocejado – intenso do começo ao fim. Por sinal, o fim é doce e marcante, com “Dream a Little Dream of Me”.
Foi um show para responder à pergunta que ouvia, no meu walkman, gritada pelo Paul Stanley... Foi um show para agradecer ao Paul (seja Stanley ou McCartney), ao Mick e ao Keith, ao Freddie e ao Bob – e para finalmente, olhando para o Eddie, dizer: Yes, my friend, I still believe  in Rock’n’Roll!
Set List do Show:
01. Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town
02. Girl From The North Country-(Dylan)
03. Can’t Keep
04. Sleeping By Myself
05. Without You
06. Blue, Red And Grey-(Townshend)
07. Wishlist
08. Thumbing My Way
09. Unthought Known
10. Speed Of Sound
11. Far Behind
12. No Ceiling
13. Guaranteed
14. Long Nights w/ Glen Hansard
15. Deadman
16. The Ship Song-(Nick Cave)
17. Lukin (he messes it up)
18. Porch
Encore Break 1
19. Just Breathe
20. Pump Organ
21. V. White (Boss Loop Sample preset)
22. Parting Ways
23. The End
24. Good Woman w/ Chan Marshall-(Chan Marshall).
25. Tonight You Belong To Me w/ Chan Marshall-(Rose/David)
26. Society w/ Glen Hansard-(Hannan)
27. Sleepless Nights w/ Glen-(Bryant, Bryant)
28. This Land Is Your Land
29. Falling Slowly w/ Glen Hansard
30. Arc
Encore Break 2
31. Hard Sun w/ Glen Hansard & Chan Marshall-(Peterson)
32. Dream A Little Dream-(Gus Kahn, Wilbur Schwandt, Fabian Andree)

Um comentário: